#18 Por que nenhum bolsominion pode ser meu amigo

Tem fundamento certo adágio que diz: se numa sala em que há dez pessoas, entra um fascista e ninguém se retira em protesto, essa sala passa a ter onze fascistas. Fazendo eco a esse pensamento, esclareço:

1) Como todo ser humano-histórico eu faço parte da humanidade. Isto é, para existir como humano-histórico, eu dependo da humanidade inteira. Poucos têm consciência disso, mas eu, felizmente, tenho e sei que, se a humanidade é ofendida, eu pessoalmente o sou.

2) Numa democracia, um dos direitos (públicos) mais importantes do cidadão é o direito à integridade e à não agressão por outros, sejam estes quais forem.

3) Se a humanidade é agredida, eu sou agredido.

4) Os machistas, os racistas, os homofóbicos, os fascistas e, entre eles, o Sr. Bolsonaro, que é (e admite explicitamente) tudo isso ao mesmo tempo, são ameaças aos princípios e valores democráticos e à própria humanidade, no seu todo ou em suas partes.

5) Por isso, são ameaças a minha própria pessoa. Não podem ser toleradas. Foi porque o mundo não tolerou Hitler que nós estamos aqui, com alguma esperança, ainda, de uma sociedade melhor.

6) Por isso, se alguém, seja por ignorância (porque não teve condições, ou vontade, de conhecer quem apoia), seja por canalhice (porque concorda com seus ideais) apoia um ser abjeto como esse que vive a pregar a violência, o desrespeito e a destruição da esperança democrática, esse alguém não é meu amigo, porque, ao fim e ao cabo, independentemente de minha vontade, ele já está contra mim. Não se trata sequer de odiá-lo, mas de ter presente o perigo que ele representa para mim e para a sociedade.

7) Ao esclarecer isso, procuro apenas ser verdadeiro, para que as pessoas não se enganem com relação a minha postura política.

Vitor Henrique Paro, 18/02/2020

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me comunique, por favor. Terei prazer em considerar sua observação.

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COMENTÁRIOS

12 Comentários

  1. Vitor Henrique Paro

    Se fosse assim, Rodrigues, eis a pergunta (clássica) que se impôe: “Pois bem, uem educa o educador?”

  2. Marilene Lopes

    Eu só queria ser amiga do Vitor Paro

  3. Julio

    Concordo com todo as premissas, mas nem todos são conscientes de si e para si, na plena perspectiva de ódios da elite orgânica fascista, são cogitados pelas luta de classe que se trava não só na infraestrutura do pensamendo marxista – economia/base material que dá norte ao próprio sistema – mas em também em superestrutura – tão bem aprofundando por nos aparelhos ideológicos de Estado por Althusser – nesta locus muitos se tornam os “gados” que apesar de fazerem parte da classe oprimida aceitam o hospedeiro dominador fascitóide. Reconhecer os coptados como adversários táticos é uma cautela necessária para a garantia da vida, contudo enxergá-los como inimigos irreconciliáveis é estrategicamente negar a disputa de classe trazendo-os politicamente para as verdadeiras fileiras. Historicamente vimos isto nos espurgos e nas deportações para Sibéria Stalinista. Absolutamente tão violento e nefasto como os campos semelhantes à Auschwitz. Desta forma forma apoiamos sobretudo a premissa 06 de Paro. Não podemos estrategicamente sermos violentos com os coptados, entretanto no limite democrático alcançar suas mentes. Claro que na luta violenta de excessão se forem instrumentos violentos responder para a defesa da liberdade e da sobrevivência com justa medida a agressão sofrida.
    Até a disputamos todos os espaços da luta de classe: material, cultural, ideologico, étnico, de gênero e outros que o sistema nos oprimir.
    Posições extremistas táticas só reforçam a lógica do coptado oprimido para a lógica do dominador.
    “Endurecer sim, perder a ternura jamais”
    “Ousar lutar, ousar vencer”

  4. ERONIZE LIMA SOUZA

    ENCANTADA com a leveza que diz tudo que penso!

  5. Nilmara

    Como poderíamos nós sermos amigos de quem ofendendo a humanidade, impede a nossa dignidade e não enxergando além de si mesmo objetiva a destruição do outro, do todo e assim de si?

  6. Claudia Martinho

    Me fez refletir muito, principalmente referente ao ponto que diz que um facista por ignorância ou canalhice pode ser um perigo para mim e a sociedade. Muitas vezes nos calamos por ser familiar, colega de trabalho ou outro e não podemos nos tornar mais um, temos de nos posicionar e mostrar claramente postura política-social.

  7. Nathália Valderrama

    Só tive a oportunidade de ler esse texto hoje, mas estou encantadíssima.

    Ele diz tanto sobre o que penso mas que por vezes tive que calar diante de familiares…

  8. Márcia de F Martinez

    Posso publicar nos grupos de whastsapp? Precisamos assumir nossa postura antibolsonarista com nossos conhecidos.

    1. Vitor Henrique Paro

      Claro que pode, Márcia. Pode compartilhar à vontade. Um abraço.

  9. Adriana Watanabe

    Eu gostaria muito de não ter que conviver com facistas, mas infelizmente ou felizmente, a profissão de educadora que foi uma escolha, tem me obrigado a encontrar meios e caminhos, muitas vezes pedregosos para conversar com essas pessoas, com visões e posicionamentos opostos a democracia. Viver é hoje estar na eminência da guerra! E na constante luta!

    1. Vitor Henrique Paro

      O que os acontecimentos recentes (como a pandemia de Covid 19 e a ocupação da Presidência da República por um fascista) têm nos mostrado é que, infelizmente, a quantidade de pessoas más, sem nenhum respeito pelo outro, é assustadoramente maior do que imaginávamos. Por isso, concordo com você que os caminhos são pedregosos, mas temos que trilhá-los, sem perder nossa dignidade, mas com a consciência do tipo de interlocutores com que temos de lidar. Um forte abraço, Adriana.

  10. Luci

    Parabéns por colocar neste texto muito do que penso

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