#11 Não há seguro contra erros

Nesses tempos tão conturbados e com tanta desesperança por parte dos que lutam por um mundo melhor, em especial meus colegas educadores e educadoras, que testemunham um sistema escolar sendo destroçado pelo obscurantismo fascista do governo e pelos interesses mercantis do capital, um bom modo de inaugurar esta seção é lembrar a epígrafe de meu livro Administração Escolar: introdução crítica:

Não pode haver seguro contra erros. Só os que escolhem nada fazer pela transformação do mundo não cometem erros, cometem um crime. Mas o que nos devia preocupar não é imunidade contra erros, mas encontrar a direção que o movimento deve tomar. Se esta é a correta, os erros podem ser corrigidos; se não, os erros tornam‑se desesperançadamente ampliados. (p. 18)

Aproveito para “escanear” mais um trecho importante do livro de Green, em que ele deixa claro o que devemos entender por classes sociais e por trabalhadores.

A sociedade em que vivemos é mais que os níveis ideológico, cultural, psicológico. É mais que um sistema de ideias imoral, depravado. É, antes de tudo, um sistema econômico. As principais classes de qualquer sociedade são aquelas que desempenham os papéis principais no processo de produção e distribuição. Sob o capitalismo estas são a burguesia e a classe operária. A sociedade capitalista não pode existir sem qualquer das duas. Não pode haver assalariados sem capitalistas. Para revolucionar a sociedade cumpre que os sistemas de produção e troca sejam revolucionados, de modo que os capitalistas sejam eliminados para sempre. A única classe que pode realizar isso, que pode reorganizar a produção e distribuição sob novas bases, eliminando e em oposição aos princípios capitalistas, é a classe operária. Nenhuma outra classe pode desempenhar esse papel. E quando falamos na classe operária não estamos nos referindo de modo estreito aos trabalhadores industriais ou manuais apenas, mas a todos que nesta sociedade têm de vender a um empregador sua força de trabalho física ou mental, como imperativo de subsistência. (p. 134; grifos meus.)

GREEN, Gilbert. Anarquismo ou marxismo: uma opção política. Rio de Janeiro: Achiamé, 1982.

Vitor Henrique Paro, 13/02/2020

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COMENTÁRIOS

2 Comentários

  1. ESCRITA PROTAGONISTA

    Excelentes ponderações, professor. Eu diria até, reconfortantes. De fato o erro faz parte do processo, não podemos desistir de lutar, mas devemos fazê-lo com inteligência. Principalmente nas lutas coletivas, temos que vencer os egos e travá-las. Está muito claro que temos um horizonte de batalha muito sombrio pela frente e precisamos realmente caminhar com clarezas.

    1. Vitor Henrique Paro

      É isso, Escrita Protagonista. Como diz o poeta, “o importante é que nossa emoção sobreviva”.

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